Encerrando ciclos

Sexta-Feira foi dia de finalmente ir até a Unirio entregar as cópias da dissertação e a documentação necessária para encerrar o mestrado e daqui umas (talvez muitas) semanas dar entrada no diploma. Por conta da pandemia, eu não ia até a universidade presencialmente desde Março de 2020.

Já disse algumas vezes isso no Masto, mas entre 2017 e 2019 eu definitivamente passei mais tempo na Unirio do que em casa. Foi pelo privilégio de poder estudar de 13h até 22h que eu consegui me formar na graduação e me matricular no mestrado antes do começo da pandemia. Então voltar ao CCH depois de mais de 2 anos foi uma mistura de sentimentos.

Eu lembro como se fosse hoje do primeiro dia de aula. Estar em uma universidade pública, finalmente iniciando meu caminho para me tornar professor era um sonho de infância se realizando. Então eu cheguei de 107 bem assim na Urca:

Eu não sei bem o que eu esperava, mas foi reconfortante chegar lá e ver que está tudo no lugar que eu havia deixado. O prédio novo ainda inacabado, as árvores precisando de poda, o prédio precisando de reparos, o povo fumando a maconha deles no jardim... Tudo em seu devido lugar.

Quem parecia estar fora de lugar por incrível que pareça era eu. Eu já não era um garoto quando passei no Sisu e desde lá já se foram 6 anos, quase 7. Para piorar, o público lá pela manhã – horário que tinha disponível na agenda do programa – é bem adolescente-branco-classe-média-recém-saído-do-ensino-médio. Eu me senti fora de lugar pela primeira vez desde que pisei na Unirio.

Talvez o impacto fosse menor no noturno, que foi o turno em que eu entrei na graduação, porque o perfil discente é muito mais diverso em termos de gênero, raça e idade. Mas se eu pensar em retornar para lá em um doutorado, é pelas manhãs que estarei lá. Então eu preciso de um tempo para lidar (novamente) com esse sentimento de deslocamento geracional e financeiro, como se a simples presença das pessoas me dissesse ininterruptamente que aquele não era meu espaço, que eu não deveria estar ali.

Tem uma certa ironia aí, né? Um pedagogo e mestre em Educação se sentindo um alien em uma instituição educacional, no seu território principal de trabalho. Pois é.

Mas essa é outra conversa. Vamos encerrando ciclos, tentando não fechar portas.

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